quarta-feira, 4 de junho de 2008

Carpe Diem ou no meu caminho tinha uma passeata



As manifestações populares de hoje parecem mais uma festinha do que uma mobilização verdadeira. Quando morava na Rua da Consolação eventualmente escutávamos uma grande agitação e corríamos pra janela: era mais uma passeata. Naquele tempo de recém-chegado a São Paulo era muito divertido observar essas coisas que a gente não vê muito no interior. E qual era o protesto do dia? Uma hora era contra o presidente, outra hora era a favor, noutra vinha uma sobre maus-tratos de animais e até passeata de anões meus amigos juram que viram.
Naquela época as passeatas estavam na moda, não passava semana sem que houvesse uma. E tanto era o clima de festa que uma coisa que a gente mais achava engraçado era ver os homens em cima do carro de som mexendo com nossas vizinhas, que eram prostitutas (como eles percebiam? Olhando eram mulheres comuns, parece que eles farejavam). No fim restava ainda um sentimento bom de simpatia com o ato da manifestação popular em si... mesmo sabendo que na prática não resolviam muita coisa.
Ontem foi diferente.
A passeata estava exatamente no meu caminho, tomando a via em que pego ônibus todo dia para o trabalho.
Greve de quem? Aumento de salários? Vigilantes?
Que nada! Alguém que tirasse aqueles baderneiros de meu caminho porque agora ia ter que pegar um ônibus na Augusta entupida e talvez até descer antes se o trânsito estivesse muito parado.
E lá iam eles... felizes... aproveitando um dia de greve.








(imagem de Tarsila)

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