segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ouro de Tolo


Tive um companheiro duende. Era um homenzinho de vinte centímetros e orelhas pontiagudas que a partir de uma manhã cinzenta passou a me bisbilhotar. Pouco a pouco palpitava em meu cotidiano e finalmente tornou-se meu grande conselheiro.
Uma de suas principais funções era me avisar quando estava passando o limite na bebida e dar um mãozinha na hora de correr riscos. Noite passada foi assim: era uma rodada de pôquer com apostas altas e muito álcool. O duende demorou um pouco para aparecer e eu já quase saía do jogo, mas na última ficha ele chegou com seu sorrisinho de curinga e a sorte inverteu, mesmo que não tivesse nenhuma carta que prestasse era só seguir suas dicas de blefe.
_ Pode apostar mais alto... Hoje é noite de comemoração!_ ele dizia.
E por fim estava já tão descontrolado e eufórico que não percebi a sutil traição de meu amigo. Apenas sei que acordei de ressaca, sem saber onde dormia e tão pocuo lembrar o fim do jogo.
Só sei que o espertinho fugiu com todo o ouro enquanto eu roncava um sono pesado de bêbado.

(e mais um Goya pra vocês)

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