quinta-feira, 12 de junho de 2008

O Mito das Amoras


Houve um tempo em que as amoras eram brancas,mesmo quando muito maduras cobriam a grama em flocos adocicados. Nesta mesma época viveram Píramo e Tisbe, dois jovens vizinhos e apaixonados, porém vedados desse amor por proibição dos pais. Morando em casas vizinhas, conversavam por um buraco na parede. Entre tantos lamentos e soluços resolveram uma noite fugir juntos.
Marcaram de se encontrar à noite... ao pé da amoreira.
Tisbe chegou primeiro, correndo furtiva, ocultada pela noite e por um véu. Enquanto esperava o amado viu que uma leoa se aproximava ao longe e correu para se esconder numa gruta, mas deixou que seu véu escapasse na fuga. A leoa faminta encontrou o véu de Tisbe e o estraçalhou. Quando Píramo chegou e encontrou o resto do véu de sua amada acreditou que ela estivesse morta, em desespero o jovem cravou sua espada no ventre, caindo juntos às raízes nodosas da árvore. Quando Tisbe voltou também não pôde suportar a fatalidade... retirou então a espada de seu amado e também se matou.
O sangue de ambos fecundou a terra, e as raízes da grande árvore absorveram o fluído de sua desgraça. Nunca mais as amoras foram brancas... mas vermelhas cor-de-sangue... quase negras na intensidade da história de Príamo e Tisbe que se tornou eterna.
Nunca percebeu que a amora tem um gosto inconfundível de Grande Amor?




(imagem superior de Abraham Hondius)

Um comentário:

O Silêncio do Barulho Surdo disse...

Deslumbrante... mitológico.
Amora... amor...
E a dor!

Amo seus texto!