Viajei uma noite para Nova York e encontrei Regina num clube de jazz do bairro russo. Ela cantava aqueles tempos bons de tangerinas, Shakespeare e beijos inesperados. Eu me apresentei como o trigésimo segundo filho do rei e sugeri que vivêssemos juntos, talvez felizes, afinal eu também fora esquecido pelos livros de história e pela Bíblia.
Mas o que eu poderia oferecer em troca de suas canções?
Resolvi então assar pães-de-queijo enquanto ela cantava a queda de Ícaro ou a solidão da cidade. Mas acrescentei alguns miligramas de morfina à receita, para que ela pudesse ser viciada em minha arte tanto quanto sou dependente da dela...
Agora não ligamos mais para o abandono de nossos deuses, o roubo de nossas idéias, o monóxido de carbono ou para aquela puta da Mary Anne. Somente precisamos seguir, seja na traseira de um caminhão ou em sonhos de baleias e corujas. Sem medo da lama, do frio ou do que é velho.
Tatuamos sereias no braço enquanto eles constroem uma estátua de nós!
(no vídeo o clipe de US, de Regina Spektor)
5 comentários:
adorei!
Esta alucinação (como eu chamo aos micro-contos) daria um romance bem emotivo.
Excelente, como sempre
Um abraço
ela é linda ;)
Muito bom! =)
Eu adorei esse último conto Celso.. e adorei ler com música :-)
Beijos!
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