terça-feira, 4 de setembro de 2007

Era uma Casa II - Tia Pecúnia

Tia Pecúnia era madrinha de batismo de Martim, recebeu no passado uma herança irrisória que multiplicou através de pequenos investimentos sigilosos. Tornou-se muito rica, fez de seu filho Gregor um contador leal e juntos levavam os negócios de família.
Ela prontificou-se a comprar a casa e apresentou um contrato extenso e enfadonho a seu afilhado, que teve um sobressalto apenas com a cláusula 253, onde era determinada propriedade integral para Tia Pecúnia de tudo o que se fosse produzido na casa de natureza artística ou intelectual.
_ Sem esse termo não há trato algum...
Martim entendeu que não tinha escolha, aceitando também que sua madrinha e o filho morassem na casa por um período probatório.
Então Tia Pecúnia fez o primeiro grande jantar na casa: 50 convidados, almofadas barrocas, canapés, uísques, ovos de avestruz, faisão ao molho de toranjas, trufas com mel e sorvete de rosas, dentre outras tantas iguarias que a mulher fez questão de preparar com suas próprias mãos. Todos comiam muito, numa voracidade que aumentava à medida que tentavam aplacar aquela fome monstruosa.
Era a contagiosa fartura de Tia Pecúnia!
Até Virgínia se entregara ao excesso, dançando bêbada e alegre como se nunca tivesse chorado na vida.
Então Martim desejou que a festa fosse eterna.

(continua... imagem de Fernando Botero)

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