quarta-feira, 19 de setembro de 2007
A Casa de Doces
encomendado por Roger da Porciuncula
A Casa de Doces era grande, gorducha e confeitada.
Os olhos de Tito eram tomados de mistério diante daquela beleza alheia, nutrindo a fome nunca satisfeita de provar um dos voluptuosos chocolates da vitrine. Todas as manhãs passava um bom tempo observando, imaginando o que poderia fazer para merecer um pedaço.
De dentro da loja era vigiado por Bibi, a filha dos donos, que alimentava outros desejos e foi mais corajosa, aproximando-se do menino e pedindo que a ajudasse a fugir. Tito retrucou assombrado:
_ Mas você mora na casa de doces...
_ Mas mamãe me obriga a comer pra engordar...ela é uma bruxa que come crianças.
Com receio Tito combinou então que a levaria para sua casa, desde que ela trouxesse consigo uma cesta cheia de doces. Bibi concordou e se encontram num canto escuro da rua logo no fim de tarde. Tito se aproximou sorrateiro e a puxou em disparate por várias quadras. Chegando em frente a uma casa distante ele pediu que ela esperasse um momento, Bibi tinha o coração tão tomado por sentimentos saborosos que demorou a perceber que Tito fugia com os chocolates.
Quando se deu conta Bibi viveu a primeira grande mágoa e com ódio lançou um feitiço: todo o chocolate da cesta transformou-se em pedras.
Tito ainda assim as devorou em lentidão e agonia, ingenuamente confundindo dor com deleite.
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2 comentários:
Digno de nota.
Fiquei boquiaberto com a história.
Sugestão muito bem apontada.
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