quarta-feira, 9 de abril de 2008

Santiago


Ela desceu por longas escadas até os calabouços debaixo da terra e numa cela entre corredores escuros encontrou Santiago: Calado! com os olhos vermelhos, nu e coberto de feridas que expelem pus e sangue. Aproxima-se com medo enquanto seu amado a encara com clemência, quase imediatamente busca água e limpa as feridas apesar do nojo. E vencendo este sentimento inaceitável consegue pouco a pouco moldar um abraço entre angústia e carinho. Ele murmura e o coração dela lateja. Comprova que apesar de todo o sangue e sujeira ali está o calor de Santiago, seu peso, seus braços, seus dedos delicados que brincam com a orelha e os cabelos dela como se nunca existisse dor, por fim ainda cantarola uma melodia singela que a embala num sono aconchegante.


(imagem de Velizar Krtisc)

Um comentário:

Anônimo disse...

Poooooorra.... Muito show esse Celsolino! Parabêns! Angustiante e delicado! Abraço! E NOSSA BREJA? :-)