Toda manhã Edson fazia a barba com a mesma precisão impecável de tempos ancestrais. Diariamente era capaz de repetir o rito sem que fosse necessário enxergar o próprio rosto. E naquela manhã, como sempre, não se enxergava apesar da claridade muito viva e quente que transformava o banheiro numa explosão de luz. Por dentro ele era nuvens e névoas! Mas tão súbito quanto os raios de sol uma voz ecoou no vazio da casa:
_ Edinho...
Então ele estancou, interrompeu o fluxo abstrato de seus pensamentos e lembrou espantado que assim o chamaram um dia. Pela primeira vez em muitos anos pôde ver a própria face, que era clara e límpida, numa expressão de inocência e incompreensão.
Distraidamente se cortou com a navalha, da pequena ferida sangrou um óleo negro e viscoso.
_ Edinho...
Então ele estancou, interrompeu o fluxo abstrato de seus pensamentos e lembrou espantado que assim o chamaram um dia. Pela primeira vez em muitos anos pôde ver a própria face, que era clara e límpida, numa expressão de inocência e incompreensão.
Distraidamente se cortou com a navalha, da pequena ferida sangrou um óleo negro e viscoso.
(imagem de Magritte)
Um comentário:
Lindo!!!!!!!!!Amei, cada vez mais tenho certeza que vc é um grande escritor...
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