quarta-feira, 5 de março de 2008

Rush

Se perdiam nos labirintos do trânsito e todos os dias, voltando juntos do trabalho, acabavam passando tantas horas a sós que se tornaram íntimos. E o que fazer para transpor aquele oceano de carros? Só restava então se entregar àquele cômodo atemporal, rodeado pela sinfonia desafinada das buzinas, que aumentava o suspense preso nos olhos ainda acanhados. Qualquer verdade se esgueirava sinuosa pelo espelho retrovisor e explodia numa beleza que só eles viam na angústia do rush: nasciam-se estrelas e caiam anjos enquanto o resto do mundo apertava seus headphones e se apressava para mais um encontro com sua própria solidão.

(para ilustrar coloco esse lindo clipe de uma cantora que estou querendo apresentar para vocês há um tempo. Essa é Cibelle, paulistana que tem sua carreira desenvolvida em Londres, aqui ela canta London, London, do Caetano com Devendra Banhart. Isn’t cute?)

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