quinta-feira, 20 de março de 2008

Dias de peste


(continuação das divagações sobre a obra de Segall)

Toda a maldição começou com uma praga impiedosa.
Conceição, a matriarca da família, era ainda muito nova quando a peste caiu sobre a cidade.
_ É a maldição dos santos por pecados passados...
Gritava o velho profeta enquanto as famílias eram carregadas aos montes e empilhadas nos campos da morte. Dizia-se que Dom Otávio, o fundador da cidade, tomara aquelas terras de antigos monges e agora toda a cidade pagava em chagas e putrefação. Conceição era a única neta de Dom Otávio e acudiu a todos os santos, implorando que algum deles a levasse como pagamento de tais pecados. Somente Santa Luzia intercedeu por ela, aparecendo em revelação:
_ Dê-me de dez em dez anos os olhos seus e de teus filhos. Assim a cidade poderá ser poupada...
Foi naquela tarde distante que o primeiro olho foi sacrificado.

(mais uma vez um quadro de Lasar Segall como ilustração, espero terminar essa história no próximo post, no post anterior temos a cena inicial que precisa ser finalizada. Ainda continua de pé o convite para que me ajudem. Alguém se habilita?)

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