segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O salmão e o grande amor


Depois de muitas histórias sobre Madame Verônica Anita resolveu comprovar a competência da cartomante. Sua questão era a mesma em todos os oráculos que consultava:
_ Quando virá meu grande amor?
_ Será o homem que te chamar para jantar e lhe oferecer salmão.
Algum tempo depois Anita foi trabalhar na recepção de um hotel internacional e devaneava horas tentando adivinhar qual daqueles gentis-homens e celebridades faria o convite sagrado. Chegou algumas vezes a se insinuar para alguns senhores solitários, sempre lembrando que o salmão do restaurante era impecável, e uma vez foi até jantar com Marcus Casanueva, o ex-galã, que tinha horror a qualquer peixe e pediu talharim.
Aconteceu então que numa noite insossa, onde perdia seus pensamentos em outras fantasias, foi convidada para comer com Pablo, um garçom simpático e jovial com quem vez ou outra trocava algumas palavras. Era fim de noite e comeriam os restos de um jantar pomposo. E finalmente veio o bendito salmão! Já um pouco frio e com um sabor terrível de predestinação. Anita sentiu uma fisgada no corpo, estava já tão carente e sonolenta que se entregou ao moço, porém o renegou no dia seguinte. Pablo gostava dela e até insistiu por um tempo, mas Anita permaneceu impassível, flertando desesperadamente com qualquer bom-partido que tivesse oportunidade.
Anita foi muito infeliz.

(imagem de Nan Cuz)

2 comentários:

Unknown disse...

Olá , adorei , muito bom mesmo . Tem haver com mademe Verônica do seu livro de contos? Acho que sim. Bjs

Maria Cláudia S. Lopes disse...

hahaha meu...do caralho esse!
muito bom!!!!
adorei
pedir pedir e rejeitar o amor real e continuar perseguindo no ideal...não é o que todos fazemos, ter esse compromisso com o querer mais do que com o viver?
que triste meu hehe
muito bom o texto