Conversávamos, após uma palestra, sobre o homenzinho que fizera a última pergunta. Era uma figura patética, cheio de sorrisos meio contidos e que estava a tal ponto desesperado em mostrar sua presença que arriscou um amontoado de palavras desconexas, sem conseguir dizer nada além de escancarar sua ansiedade.
No meio dessa conversa meu colega começou a lembrar outras figuras aparentemente loucas que também estiveram lá.
_ Mas escritores são assim mesmo...
Comentei e, já no ônibus que pegamos juntos, pude ouvir os pensamentos do outro me sondando:
“Hum... você também é meio psico...”
No meio dessa conversa meu colega começou a lembrar outras figuras aparentemente loucas que também estiveram lá.
_ Mas escritores são assim mesmo...
Comentei e, já no ônibus que pegamos juntos, pude ouvir os pensamentos do outro me sondando:
“Hum... você também é meio psico...”
Sob um olhar incisivo e analítico sentia que eu começava então a me fragmentar, trazendo à tona um lado meu cheio de idiossincransias. Com a sensação de pleno delito eu queria fugir da sutil metamorfose: começava a me tornar o homenzinho! Quanto mais disfarçava minha loucura mais ela se escancarava. Não tinha opções, refugiar-me num banco seria esquisito, permanecer em frente a ele implicava em tentar criar assuntos que não se conectavam, ficar calado seria pior. E de repente até meu corpo me traía em cacoetes e tiques. Por fim, mesmo quando o colega desceu a sensação de ser esdrúxulo continuou e segui pra casa fugindo do olhar de todos que cruzaram meu caminho, sem conseguir recuperar minha sanidade naquela noite.
Eu não estava mais no mesmo planeta.
Eu não estava mais no mesmo planeta.
(imagem de Robert Anderson)
Um comentário:
interessante...hehe
eu vi o filme Paris je t´aime e nossa....lindo
adorei os vampiros e lembrei de vc
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