quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Memórias de Jocasta: Capítulo 7


Demorei um tempo a perceber que o ódio de Patrícia voltava-se todo para mim. Logo quando perdeu a mão tentei me aproximar, compadecendo de seu sofrimento. Mas então os atentados começaram! Primeiro foi no número do porta-jóias de louça, ela substituiu por um sem saída secreta, mas era de uma qualidade tão rude que não se quebrou com as marteladas, depois seus amigos que visitavam a casa quando Hedoni não estava e traziam rottweilers. Eu acordava com pesadelos em que sua mão zumbi me perseguia em momentos inesperados.
Com o passar do tempo fui me acalmando: crescia o amor de Hedoni por mim e Patrícia parecia desistir de suas armadilhas, até expressava indiferença. Eu continuava vendo aquela mão cadavérica, mas me convencia que era paranóia.
Não sabia da intensidade que pode atingir um ódio paciente e calculista.


(imagem de Goya)

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