quarta-feira, 6 de maio de 2009

Crônica de um cidadão desiludido


Faz praticamente quatro anos que vivo em São Paulo e queria tanto saber para onde foi aquela paixão. Aquela coisa que acontecia em meu coração quando fugia de Ilhabela para desfrutar da cidade de infinitas possibilidades, ou quando morava em Campinas e descobri como a capital era mais calorosa que sua vizinha interiorana. Hoje vivo alimentando fantasias longe da cidade embora ela ainda continue sendo, para mim, o palco de tantas possibilidades... continuo descobrindo coisas novas e pessoas maravilhosas em meio a esse turbilhão assustador de pessoas. Mas parece que não tenho mais força para lidar com o reverso da coisa. É gente demais o tempo inteiro e ultimamente parece que estou sobrando... é gente sem educação demais e não suporto tanto desprezo assim pelo outro, mesmo que esse outro no meio da massa se torne nada.
E ainda por cima tem a prefeitura que me contratou em janeiro e não me colocou pra trabalhar até hoje... batalhei para fazer parte de um projeto, acreditei no que dizia o diário oficial com meu nome, acreditei no que assinei e agora? Continuo me sentindo enrolado... Engraçado como ninguém comenta certas coisas por aqui, como por exemplo, a forma que a prefeitura comemorou os cinco anos da virada cultural: orçamento cortado pela metade que resultou em gente demais em poucos palcos e muito espaço ocioso entre as apresentações.
E os imóveis continuam cada dia mais caros, o trânsito mais imprevisível e cheio, o povo mais agressivo, nosso trabalho mais desvalorizado, o ar mais carregado e meu coração cada vez mais desejando prazeres simples como apanhar amoras ou ler deitado na grama...
Será que tudo isso aqui vale mesmo a pena?


(Vai uma foto do Fauno de Brecheret, meu velho amigo dessa cidade e de tempos ancestrais... um dos poucos seres mágicos que consegue sobreviver em meio a tanto monóxido de carbono)

Um comentário:

Maria Cláudia S. Lopes disse...

vem pra cá, eu te disse...rs