terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Queridas Quimeras (II)


As duas mais velhas vivem numa briga intensa, porém velada. A primogênita é a escriba, que também é mãe de mais duas. Tem uma cabeça de dragão dourada que se tornou maior que sua cabeça de leão. Embora seja a mais descrente, e tenha quase morrido uma vez, nunca perde a majestade. Zomba da correria que as outras passam diante de pequenas oportunidades do acaso.
_ Conformem-se queridas! Afinal não há nada de errado conosco... mais vale ser um monstro fabuloso dentro dum coração sincero do que eterno escravo de interesses mesquinhos...
A segunda é a cantora, capaz de belíssimas polifonias a três vozes, é a mais assanhada e vaidosa de todas, mesmo que em alguns momentos tenha sido um pouco esquecida e até desprezada. Sempre viveu embebida em seu amor próprio! Já que costuma ser a mais reconhecida e bem sucedida de todos. Apesar de ser narcisista sabe também ser amiga dedicada e irmã complacente em horas de crise.
Então simplesmente canta... dizendo ainda que qualquer cantilena entoada no acaso de afetos verdadeiros justifica sua existência fantástica.


(continua... na imagem uma Quimera de Gina Litherland)

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