sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Memórias de Jocasta: Final


Então delicadamente adormeci para sempre, sem sequer sonhar que nossa querida Patrícia teria a frieza de me dissecar e servir no jantar. Hedoni comeu com afinco sem perceber, supondo devorar alguma ave de sabor especial. Patrícia sorria alegando ingredientes secretos. Eu era devorada e sepultada dentro de meu grande amor... Em suas intenções mórbidas minha rival conseguiu me unir definitivamente a Hedoni, éramos então um só corpo e pela primeira vez pude enxergar por seus olhos. Então conheci o desprezo que tinha por ela... No último momento Hedoni suspeitou de algo, talvez sentindo que eu era também parte dele e começou a me chamar, exigindo que Patrícia me buscasse. Patrícia sorria e colocava os últimos pedaços no seu prato.
_ Aqui está o que sobrou de Jocasta.
O coração de Hedoni não suportou e senti a morte pela segunda vez. Patrícia observou o ataque como quem assiste a um show entediante e deixou-se estar abandonada na cabeceira da mesa.
Suspirou por sua eterna solidão enquanto eu comunguei plena com o amor e o infinito.


(imagem de Helen Burgos)

E aqui termina essa trágica, ou tragicômica novelinha, pelo menos surgiu de uma cena de humor negro. Dedico aos colegas da oficina de comédia, que não acompanham o blog, mas que auxiliaram na composição destes personagens, mesmo que o resultado aqui seja muito diferente da mini-cena desenvolvida na oficina. Prometo parar por enquanto com essa mania de novelas... acho que não tem dado muito certo (talvez abra uma exceção e publique aqui a novelinha Sweet Dreams que já está sendo publicada do fanzine do Goma).

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa é uma história de canibalismo?
Ou é mesmo narrada por um bicho?