domingo, 5 de outubro de 2008

Insônia Night Club

A noite era devorada devagar por uma madrugada de olheiras embriagadas. Lá fora Iansã e Xangô liberavam seu gozo em chuva. Lá dentro dos Parlapatões fui ouvir a Elke cantar... sua voz não é lá nenhum destaque, mas sua sensibilidade! seu carisma! sua extravagância! Não tem como negar o devido mérito a essa diva tão singular, que consegue ao mesmo tempo ser russa, negra, alemã, mineira, porra-loca, cult, sábia, criança, clássica, macumbeira, drag queen e ícone da cultura de massa desde os tempos do Chacrinha.
Um brinde com vinho e cachaça pra Dona Maravilha!
Evoé!

Essa canção belíssima faz parte de seu show, Do Sagrada ao Profano, é composição de Cezar Altai, seu ex-marido. Dentre as várias mensagens de seu show transcrevo o Manifesto Contra a Tirania, do século XV, de Etienne de la Boetie:


“Eu gostaria apenas de entender. Como pode ser que tantos homens, tantas cidades, tantos países suportem às vezes uma tirania que tem apenas poder que eles próprios lhe dão. Será que não sabem que não é preciso combater essa tirania: não é preciso anulá-la... ela se anula a si mesma. Basta que não se consinta em servi-la. Se nada se dá aos tiranos. Se ninguém lhes obedece, sem lutar, sem golpear, eles ficam nus, ficam desfeitos e não são mais nada; são como galho que se torna seco e morto quando sua raiz não tem mais umidade ou alimento. Decidam não mais servir e estarão livres. Não mais os sustentem e verão como o grande colosso, de quem se subtraiu a base, pode desmanchar com seu próprio peso e desmoronar.”

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