Diziam que Horácio era o bom entre os depravados, o cordeiro escondido no covil de lobos, ou até mesmo o salvador que viera purificar aquela estirpe odiada há gerações. Dizia-se que todos os membros daquela casa eram corruptos, da velha matriarca que uma vez prendera uma criada por semanas no sótão à criança que colocava escorpiões nos pertences alheios. Diziam também que Horácio era o único capaz de conter as discussões agressivas e remediar as crises que sempre tomavam voz durante o jantar.
O que ninguém dizia era o destino da caminhada que fazia todas as noites após a sobremesa. Quando o sono transformava qualquer rancor em balbucios infantis ele desaparecia sorrateiro por duas horas.
Apenas a noite era testemunha do pecado que cometia diariamente, em solenidade de ritual.
O que ninguém dizia era o destino da caminhada que fazia todas as noites após a sobremesa. Quando o sono transformava qualquer rancor em balbucios infantis ele desaparecia sorrateiro por duas horas.
Apenas a noite era testemunha do pecado que cometia diariamente, em solenidade de ritual.
Praticava-o silenciosamente, através de mãos delicadas e impunes para retornar à casa feliz e plácido, em sonhos de homem santo.
(imagem de Magritte)
3 comentários:
Eu me encontrava com Horário e com várias mulheres, bebíamos vinho e líamos poemas de Álvares de Azevedo e Byron.
Isso é um segredo, não conte a ninguém!
mas o que é que ele fazia?
tocava uma olhando pro mar?
matava virgens?
hauhauhauhau
então... meu... eu também queria saber os pecados de Horácio... quem sabe não tentamos decifrar juntos...?
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