terça-feira, 9 de outubro de 2007

A mão decepada (final alternativo)

Porém também a mão notara em seu companheiro um comportamento diferente.
Sentia que não mais o acariciava com o calor de outros tempos e suas próprias mãos, com quem tanto se entrelaçara em danças, comunicavam-lhe algum segredo que não compreendia, criando uma expectativa mórbida.
A mão só teve certeza que algum destino cruel a aguardava quando Silvério a colocou na mesma caixa em que viera. Percebia então que faziam uma viajem de carro, e em cada ondulação da estrada sua tensão crescia.
Quão chocada não ficou quando viu Silvério abrir novamente a cova de seu corpo?
Saiu da caixa e agarrou seu tornozelo em súplica: pelo calor tentava que ele entendesse a profundidade e o zelo de seu amor. Silvério também chorava quando a jogou dentro da cova.
Então, presa na escuridão da caixa, ela ouviu um grito profundo e logo o sol da tarde ardeu em sua pele...
As mãos de Silvério o estrangularam e agora a libertavam.
Ainda atônitas as três mãos fecharam a cova com os dois corpos e seguiram mundo afora, em alguns momentos sentindo-se atordoadas por serem não mais que membros rebeldes, mas sempre gozando da alegria intensa de não sofrerem mais a tirania de um corpo.


(encontrei essa imagem sem o nome do autor, vou procurar e informo quando descobrir)

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Sr. Amâncio, eu disse que leria mais cedo.. e veja só.. fiquei tão enrolada que acabei esquecendo.. mas pronto.. já li os dois finais.. devo dizer que gostei mais deste segundo.. vai ver que é porque gosto de coisas mais dramáticas e desfechos mais tristes....rsrs..
Mas foi um belo texto :-)
Beijos!

Pandora disse...

olá, também curti mais esse final... o outro ficou meio... sei lá! hahahahah! esse ficou bom demais. Gosto muito das suas fábulas... Maria me apresentou seu blog e estou aproveitando bastante!
abraço,
Mari