terça-feira, 28 de agosto de 2007

Uma Menininha Triste

para Dé
Era uma menininha tão triste que aqueles a sua volta já nem sabiam o que fazer para consolar. Mas ela não exigia isso de ninguém, sabia que nela as lágrimas eram irremediáveis e passava o tempo tentando fazer bombons, que ainda assim pareciam não agradar ao paladar de ninguém.
Recebia visitas constantes da Morte, que para ela surgia na forma duma opulenta senhora. Era sempre o mesmo diálogo:
_ É hoje que me leva?
Ao que a morte retrucava cínica:
_ Nada, estou só de passagem.
Já para a Loucura a menininha tinha uma queda, tanto que com essa não contentava em meros flertes e rolavam no chão em meio a um amor desvairado.
Foi então que a Loucura teve uma forte compaixão e pediu que a Vida fizesse uma visita à menininha. A Vida chegou para ela como uma mulher mirrada e fraca, segurando debaixo dos braços uma caixinha.
_ É isto que te trago...
Disse a Vida num tom humilde. A menininha abriu a caixa e lá estavam apenas suas lembranças.
As boas, velhas e doloridas lembranças... o que fazer com aquilo?
Misturou então lágrimas, lembranças e chocolate em deliciosos bombons meio-amargos, que despertavam bonitas inspirações a quem os soubesse apreciar!


(a imagem é uma foto de uma das peças da série "Guardados" de Débora Peron, visitem seu fotolog, onde ela expõem fotos de roupas que customiza artisticamente, o link está ao ao lado, no "Confabulando")

3 comentários:

Maria Cláudia S. Lopes disse...

ADOREI ESSE!
fala pra Dé do meu blog
hoje eu coloquei um poema novo nele
bejo

Anônimo disse...

Lágrimas, lembranças e chocolate de uma menina triste...
Faz lembrar um leve chuva Verão.
No entanto o passado da menina evocavam noutros inspirações que se tornariam lembranças depois. De "fazedora" de bombons, a menina tornou-se uma "fazedora" de sonhos.
Mas com o quê sonharia ela?

Anônimo disse...

bom comeco