sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sobre a fome doida de nosso tempo


Seja no teatro, cinema, espetáculo musical ou qualquer lugar onde tenha uma multidão cuidado com as pessoas. Cuidado com a massa! Já repararam que estamos numa época de uma selvageria brutal como há muito não se via? Cada pessoa sozinha é frágil como um gatinho, mas é só sentirem o cheiro de outros que começam a esquentar os poros e se entendem em consciência de manada. Sem nem saber porque já estão gargalhando diante de qualquer coisa que se apresente a elas, seja um palhaço no palco, um vestidinho curto ou uma cena sangrenta de assassinato. A maioria já não se contém e joga de lado qualquer educação que um dia receberam e deixam que o corpo se entregue a espasmos que por não compreenderem resulta em reações diversas: começam a falar coisas sem sentido, tiram fotos sem parar, coçam-se, têm crises histéricas, masturbam-se.

Quem está no palco mexendo com as emoções da massa que se cuide, diante de tantas vísceras expostas pode-se despertar um acesso de regozijo terrível e antes que o artista perceba estará sendo devorado por bocas sanguinárias de puro amor.


(imagem de Dali)


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