quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A mão decepada


encomendado por Maíra
Começou numa tarde eufórica, quando uma caixa misteriosa bem em frente ao congresso causou pânico geral entre a multidão curiosa e os técnicos da polícia federal, que suspeitavam de uma bomba. Silvério era um agente com coragem sobre-humana e apanhou a temida caixa, cujo interior continha apenas uma mão decepada.
Tão desapontados ficaram todos que nem deram importância a esse achado, com exceção de Silvério, que levou aquela mão consigo.
Viveram dias felizes Silvério e a mão, que se mostrou intensamente amiga, sempre disposta a fazer-lhe carícias, coçar onde não alcançava e até ser a mãozinha que faltava para os serviços domésticos.
Numa tarde de domingo, quando preguiçosamente cochilavam, apareceu uma visita. Era um homem estranho e soturno, que encarou Silvério com muito ódio.
_ Quero minha mão de volta!
O homem partiu sobre Silvério e rolaram pela sala em luta difícil. O agressor era forte e, apesar de uma mão a menos, tinha o alimento da raiva em seu sangue.
A mão subiu até a gaveta da cômoda apanhando a arma de Silvério. Os dois homens estancaram enquanto a mão remexia afoita, tentando decidir a quem deveria mirar. O invasor suplicou mostrando o braço mutilado mas foi inútil: bastou um tiro certeiro para que caísse sem vida.
Silvério encheu-se de felicidade e amor! A mão o escolhera ao seu próprio corpo.
Vieram mais dias de amor intenso até que nuvens negras povoaram a mente de Silvério em forma de pesadelos recorrentes, onde a mão o estrangulava enquanto dormia.
Tornou-se insone naquela angústia, sufocado pelo medo daquele membro que repousava plácido ao seu lado.
Talvez fosse melhor desfazer da mão...

(... termina no próximo post!
imagem de Dali)

Um comentário:

Anônimo disse...

Além de geniosa sou impaciente.. te encherei o saco todos os dias gritando "eu quero o final da história".. rs..é.. para você ter uma idéia sou uma daquelas pessoas que não tem sono lendo.. fico obsessiva.. e passo noites em claro lendo livros interessantes até a exaustão.. até o corpo falar mais alto e me obrigar a desmaiar em cima do livro.. enfim... estou esperando um final digno do talento do Sr. Amâncio :-)
Beijos!