segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Histórias de mamãe lobo

Aquele não era mais um tempo para lobos!
E isso mamãe lobo uivava como uma canção triste para sua ninhada. Há muito que nem a escuridão do bosque era um abrigo seguro, há muito que não podiam mais acreditar no medo dos homens, já que agora suas peles valiam para ricos carpetes, seus ossos moídos eram remédio lendário contra males diversos e até seus olhos tornavam-se fina iguaria ao molho de champignon com trufas.
Bons tempos quanto tudo que os homens desejavam era a cabeça de lobos como troféu.
Então ela avisava: cuidado com meninas de capa vemelha e convidativas faces rosadas, dissimuladas em apetitosa inocência que levava os incautos à casa isoladas. Cuidado com os olhos pequenos que impediam de ver melhor a armadilha escondida no ato tão singelo da menina ao se deitar nua e convidativa numa cama aconhegante.
Pois quando os lobos, cegos e famintos, preparavam-se para o sabor e deleite daquela carne nem percebiam o tiro definitivo no pescoço e dezenas de facas nas mãos de caçadores do mercado negro.

(imagem clássica de Gustave Doré)

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