quinta-feira, 13 de setembro de 2007

200 Gatos

Tudo começou quando Lavínia teve um sonho com gatos persa rechonchudos.
Ela corria desesperada por uma rua salvando os enormes bichanos de serem atropelados ou devorados por cães dinamarqueses. Eram pedaços de vida frágeis e valiosos que escapavam de suas mãos.
No dia seguinte acordou sobressaltada, tinha a certeza absoluta que recebia uma mensagem dos deuses.
Madame Verônica, sua vidente preferida, confirmou a revelação: sua fortuna corria sério risco. Resolveu então povoar sua casa de gatos persa. Tudo começou de maneira inocente, até que Lavínia percebeu que eles realmente tinham o poder de decifrar a alma das pessoas, teve certeza no dia em que Lady Laura se eriçou toda diante de um namorado que a traía compulsivamente, em seguida teve sinais sobre um primo que tinha interesse em furtar sua louça de prata.
Pouco a pouco eles se tornaram seus ministros e dominavam a casa, alguns pareciam guardas, revelando todo o movimento da vizinhança entre ronronadas.
Enquanto isso ela permanecia na cama, amamentando os rebentos e mesmo os adultos com o leite de seus próprios seios.
Em algum tempo já não precisava de nenhuma pessoa em sua vida, delicadamente ela construíu seu exército.





(imagem de Leslie Naveh)

5 comentários:

Anônimo disse...

.amore
adorei, nossaaaa que viagem é essa?
he he sinistro
lembrei da Marli! ha ha ha
mas a qual personagem do passado se refere?
Então sobre o meu blog...c sabe que só escrevo sobre mim ou o que está em mim mesmo que tomando formas outras né?ficção não...só flores que não puderam ser diretamente entregues...eu? essa apaixonado do amor...minha paixão é pela flecha em si...quero que o cupido se foda!r s mentirinhas que eu conto pra poder não acreditar he he...tava pensando mesmo tipo num diário...mas talvez eu transforme ele num blog literário, vamos ver...beju!Marie

Anônimo disse...

Há algo de sinistro nesta história, que nem o(s) afeto(s) (aos) felino(s) consegue esconder.
Pois fiquei sem noção quem era quem. Só faltava a D. Lavínia parir, para ser a "rainha" da tribo, uma escrava dos seus dotes naturais.
Como sempre excelente

Anônimo disse...

Olá Celso!

Pois é.. o post de adeus foi porque me disseram que eu nunca escrevia um texto dramático =)

Gosto bastante do que você escreve.. e como escreve.. inclusive certa vez comentei com o Fábio que algumas vezes achava em seus textos certa influência do Caio Fernando Abreu, falei sem nenhum fundamento.. sem nem saber se você conhecia e se gostava, mas esses dias vi você no orkut do Fábio e fui dar uma xeretadinha (ops) vi "morangos mofados" entre os prediletos.. suponho então que minha observação, talvez, faça algum sentido.
Falando no Sr. Baladez..ele comentou algo sobre você querer me conhecer, acho que isso só seria possível com uma condição... você ignorar a maioria das coisas que ele disser sobre minha pessoa.. ele costuma só falar que sou mimada ou me qualificar de "boa menina" com aquela ironia e deboche peculiar

Beijos!

Anônimo disse...

Caro Celso,
A inspiração veio atraves do quadro?
abraços (estou adorando tudo o que vc escreve)

Anônimo disse...

Oi Thais... no caso desse conto não foi o quadro não. Tem um post chamado Fast Fabula Delivery onde desafio os leitores a proporem histórias. Então eu acabo sugerindo de exemplo "...quero uma hiostória com 200 gatos persas". Essa sugestão aleatória que fiz apenas para exemplificar se transformou em desejo e acabou saindo essa historinha.

Que bom que gosta das histórias, seja sempre bem vinda!