domingo, 26 de agosto de 2007

Era uma Casa


Logo quando mudaram perceberam que aquela não era uma casa comum. Eram tantos cômodos que se enchiam de prazer mesmo ao perder-se dentro de seus mistérios.
Mas aconteceu que de repente a casa não era mais deles.
Isso começou quando os velhos amigos de sempre chegaram para a festa de inauguração e não foram mais embora.
Não se importaram porque afinal a casa era grande e abrigava a todos. E por um tempo era como se nunca se interrompesse a alegria desvairada da festa.
A confusão começou quando resolveram trancar Gregor no porão...
Gregor parecia ser o motivo de toda discórdia que ameaçava o clima festivo: ele reclamava de tudo, lançava indiretas maliciosas e começava a mostrar um mau-humor intolerável.
A decisão foi unânime e não hesitaram mesmo quando viram o pobre debater-se e suplicar que tinha medo de escuro, tão pouco recordaram que Gregor era um dos donos da casa.
Mas assim que bateram a porta pesada pouco tempo de alívio puderam respirar, já que uma dúvida terrível assolava a todos:
Quem seria o próximo a ser trancado no porão?

Um comentário:

F.Baladez disse...

Discordo dos comunismos... olhos de zumbi que vêem e nada enxergam, visão morta de comodidade, falsa cordialidade (recordando Sérgio Buarque).

Humm... comentar este texto não é fácil, ele apenas me leva a pensar e, apesar de passar rápido, deixa uma sensação duradoura, uma sensação de que é bom que eu vá beber água pois algo em minha garganta não desce, o que seria algo muito simples de resolver se o texto não imobilizasse o ato de beber água, paralisa, frustra, causa impotência para este simples ato que findaria a aflição.

Aquele abraço!