quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Furacão


Uma vez lá em Sacramento, quando eu tinha em torno de seis anos, anunciaram um furacão!
Ventava muito e todos lá em casa corriam para tirar os objetos do quintal: roupas, bicicletas, brinquedos, e até as galinhas foram parar no porão. Eu já imaginava os furacões de filmes, já vendo a casa inteira rodopiando perdida pelo céu. E seu eu me desprendesse e voasse para longe da casa?
Foi então que minha avó levou meus irmãos e eu para seu quarto e nos apresentou a única solução possível: muita reza! E perante umas três Nossas Senhoras e luz de velas acompanhamos a ladainha das infinitas ave-marias do terço. Na escuridão escutávamos a tempestade imaginando se àquela hora já estaríamos voando... Mas o medo era mais forte que o encanto e tentava me concentrar naquela fé que tão-pouco compreendia.
Por fim o mundo retornou à calma depois de uma tempestade forte, mas tão ordinária quanto todas as outras que já havíamos vivenciado sem alardes. Vovó abriu a janela e mostrou um começo de noite calmo lá fora.
_ Estão vendo como é bom rezar? Impedimos o furacão.
Fiquei maravilhado com nosso feito e o poder da oração. Naquela noite éramos os heróis da cidade!
A partir de então passei a rezar muito, pedindo a Deus que me desse superpoderes.

(e lá se vai casa de Dorothy pelos ares... acho que ela não sabia rezar)

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