quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Primavera surtada


As novas flores da estação explodem em gemidos e cantilenas melancólicas enquanto as deusas da primavera se contorcem histéricas em luxúria.

Perséfone está em crise e pula a janela da casa da mãe para ensaiar no submundo com uma banda de metal que criou no último inverno. 

Hades, que prefere música clássica, não se sente mais confortável em seus reinos e tá pensando em privatizar o Estige a despeito do barqueiro Caronte, que ameaça um processo sindical caso não receba pelo menos 50% do valor da venda.

Já Deméter, coitada, se vicia em rivotril e cultiva tempestades sem saber a quais ventos pedir ajuda.


No meio disso tudo trago notícias: Fui contemplado com o prêmio Interações Estéticas 2009, da FUNARTE, para desenvolver um projeto junto com o Teatro Commune! É a primeira vez que consigo algo assim e estou emocionado com essa oportunidade. Além disso, a partir do dia 17 a peça “Ao vencedor, as batatas” volta em temporada no Teatro X. Que pelo menos Dioniso se mantenha sóbrio (não no sentido etílico do termo) para me dar suas bênçãos neste tempo doido.

Assim que é bom, tava tudo muito calmo para ser começo de fim de ano, afinal até os panetones já deram o ar da graça.


(na imagem, Perséfone de Dante Rossetti, bem antes de sua mudança radical de estilo)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Palco mudo

Ainda com a cabeça perdida nas sensações de Pina Bausch. Café Müller. Não acredito que tive a oportunidade de assistir essa pérola (acho que nenhuma de nossas palavras portuguesas traduz a expressão inglesa masterpiece), ainda no dia seguinte eu lembrava das cadeiras voando e da música de Purcell... não parecia verdade. E nem a Pina faltou, porque era possível vê-la no palco, ouvir seus gemidos. Muito cedo para a morte conseguir apagar sua presença. Depois pude participar de um happening com a Companhia Corpos Nômades e me senti um violinista muito especial por estar transitando e sendo embalados por aqueles corpos artísticos que também se tornaram parte de mim e do violino.

Depois disso tudo faço com que as palavras durmam e sonhem com a dança.

Hoje quero um palco mudo.


sábado, 26 de setembro de 2009

Quase primavera


Coisas demais acontecendo ultimamente, burocracia entrando em ventanias pela janela, milhões de papéis inúteis mas que vêm por uma boa causa. Como tão bem já disse a raposa: o caos reina! e devemos seguir apesar da galera com o celularzinho de merda no volume máximo e os riquinhos que pagam 200 reais no ingresso mas não tem ideia quem é a tal dançarina que morreu outro dia. E falando em dança neste sábado vou participar de um improviso no Sesc Pinheiros com a Companhia Corpos Nômades, eu estarei no violino, junto com um DJ. Quem quiser pode chegar e dançar, será às seis e meia da tarde, é de graça, acontece logo na entrada e que os deuses permitam que não esteja esse frio todo, por enquanto convoco o fantasma de Pina.
Quem devemos sacrificar para que a primavera venha de uma vez?

sábado, 19 de setembro de 2009

Disparate


Ando com cuidado pela rua para não cair nos buracos. Mas tem hora que a gente não segura o bicho e cai em disparate.

Parece que tô sumindo, mas não é isso. Tô é aprendendo a me equilibrar na bordinha dos abismos.

Sempre aceito uma mão amiga antes de me atirar pelo espaço.


(imagem de Goya)


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Risonho Hino

Eu prometi para mim mesmo que não ia usar este blog para postar bobagens de internet... mas esse é um marco histórico!  Nunca mais vou conseguir levar o hino nacional a sério depois disso, inventem outro, esse não dá mais. Vai ser ataque de riso desde a introdução. Já não levantaram a hipótese que nosso hino é uma ária de ópera bufa? Pois então, agora não há mais dúvida da potencialidade burlesca desta canção. Uma interpretação perfeita para a corte de bufões que ocupa as cadeiras do senado... uma versão digna do povo patético que os sustenta!

(em 2:20 começa a melhor parte!) 

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pulo?


Acabei de escrever um texto vaidoso e cheio de auto-piedade. É duro como qualquer palavra soa pretensiosa demais ultimamente, aliás, escrever por si só já é muita pretensão.

Escrevi falando que tô com vontade de sumir porque não tenho mais respostas de leitores neste blog, somente números de acessos que aumentam, vindos de lugares variados e que no fundo me fazem imaginar que não são nada além de clicks acidentais. Credo, se continuar nessa onda daqui a pouco vou estar na janela, com uma mão no teclado ameaçando me jogar se ninguém se manifestar.

Melhor pular logo.

E foda-se.


(imagem de Chagall)


quinta-feira, 3 de setembro de 2009