segunda-feira, 17 de março de 2008

Olho por olho



(divagações sobre um tema de Segall)
As cortinas abrem-se para uma tragédia familiar. Este no centro torna-se Magno, aquele que nunca dorme e nega pagar o tributo fatal de sua família: Todos têm sua hora de entregar os olhos! Quando a mãe já dormia depois de um dia inteiro de lamentos tão-tristes os dois irmãos se entreolham, cada qual com o olho que lhes resta.
_ Logo não haverá mais qualquer lágrima aqui dentro. _ profetizou Eusébio com rancor na voz...
_ É a vez de morrer um olho que nunca chorou... _ sussurra Julieta contida.
Primeiro foi a mãe que deu os dois, antes ainda houve o pai já morto, depois foi um olho de Julieta e um de Eusébio. A hora novamente se aproxima e os dois irmãos velam Magno, esperando qualquer pestanejar para que possam arrancar seu quinhão da dívida.

Assalto o quadro de Lasar Sagall para tentar alguma possibilidade ainda mais intensa de comungar com essa obra que tive o prazer de confrontar pessoalmente. E as cores reais são tão vivas! Só mesmo com os próprios olhos para saber como é fraca essa gravura perto da imagem original! A exposição está na Fiesp e foi prorrogada para o próximo domingo... aos paulistanos, não deixam passar essa oportunidade única de conhecer a fundo esse artista tão intenso e ainda tão pouco valorizado pelo grande público.
Quem me ajuda a terminar essa cena?

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