quinta-feira, 30 de julho de 2009

Relatos breves da noite do escândalo


Os primeiros a chegar ao Clube Azul naquela noite foram Júlio e sua turma. Sentavam-se ali toda quarta-feira depois do ensaio da banda sem esperar nada, já que quarta era um dia quase morto por ali.

Margarida tão pouco viu qualquer coisa, deu só uma passadinha pra encontrar com sua prima Vitória (a vítima) e devolver uns livros, não ficou muito por causa de sua enxaqueca.

Bruninho diz que a noite começou a esquentar por causa de uma mulher misteriosa que subitamente distribuía bebidas a desconhecidos. Suas gargalhadas eram ácidas e ecoavam por horas na memória.

Dona Candinha (vizinha do clube que ligou pra reclamar do barulho) dizia a todos que ali aconteciam orgias, trocas de casais e todo o tipo de depravações.

Senhor Momo rebatia que não, para ele o clube era um puteiro mal disfarçado.


E Vitória foi lá por causa do aniversário de um amigo e nem entende porque atravessou a noite, tinha que acordar tão cedo no outro dia.
Ela ainda se recusa a prestar depoimento.

(imagem de Botero)


sábado, 25 de julho de 2009

MOÇA VIOLENTADA NAS PROXIMIDADES DE CASA NOTURNA


Aconteceu, na noite de ontem, um fato estranho que perturbou o sossego de um bairro tradicional de nossa cidade. Uma moça, cuja família preferiu não identificar seu nome, foi encontrada nua e inconsciente numa ruela semi deserta, localizada aos fundos de uma casa noturna chamada de Clube Azul. Foi descoberta por Senhor Momo, de 68 anos, que chamou imediatamente a polícia. A moça foi levada ainda desacordada para atendimento médico. Foram registradas também três ligações de moradores durante a madrugada, queixando-se de ruído excessivo no Clube e gritos nas proximidades do local. 

Constantino Pascal, investigador responsável pelo caso, diz que ainda é cedo para ter alguma conclusão, posto que a vítima despertou em estado de choque e ainda não prestou depoimento, mas já foi divulgado que a perícia identificou sinais de agressão sexual no corpo da moça. 

O investigador aguarda decisão judicial para a interdição do Clube.


(imagem de John Zurier) 

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tempo fechado


Uma neblina londrina invade o céu de São Paulo... Hoje parece com o dia que Luana, aquela personagem maldita do ano passado, resolveu cerrar para sempre as janelas do mundo. E olha que nem havia a tal gripe para criar paranóia.

Será que ela sobrevive ainda em sua tumba solitária?


(imagem de George Grosz)


sexta-feira, 17 de julho de 2009

En tus brazos


Acho que este blog já entrou em ritmo de férias, mas não sei quem começou... se fui eu que tenho postado tão pouco neste mês ou vocês, hipotéticos leitores, que se mantém num silêncio fúnebre há mais de um mês.

Hoje coloco um filme em homenagem a minha viagem para Buenos Aires que foi cancelada pela influenza. Só lembrando que estou a ponto de continuar com a novela que até o momento tem o nome de Sweet Dreams, mas estou esperando sair o Zine lá de Uberlândia, para que possamos caminhar juntos (os personagens não estão se aguentando nesta espera).
De qualquer forma, antes da nova rota de férias que me aguarda, pretendo dar mais uns gritos aqui...

Será que alguém ainda escuta?

sábado, 11 de julho de 2009

Valsa antiga


O fantasma de meu avô andou perambulando pela casa. O som de seu violino é triste e embriagado como uma rabeca, mas torna-se intenso quando acompanhado de acordeão e valsas que a memória de minha mãe não perdeu:
Terezinha ia todas as manhãs rezar e pisava venenosa nos corações dos velhos boêmios enamorados por sua tristeza.


(muito tempo sem postar por causa de transição de computador e viagem. Imagem de Chagall)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Queda (mini-variação)


A mania de perseguição fez desmoronar grande parte de seu mundo. Perdeu amigos, perdeu família e se matou sorrateiramente, sonhando renascer numa árvore serena.

(imagem de Max Ernst)