quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Inventário de Viagem


Tentando chegar mais cedo ao destino errei meus caminhos e tropecei cidades afora: São Paulo, Ribeirão Preto, Uberaba, Sacramento. 24 horas desaparecido do mapa e colhendo os estranhos souvenir de uma viagem mal programada: a casa de um velho amigo, o ronco profundo de uma senhora manca, um mendigo insolente, as tão-verdejantes campinas em primavera, horas insossas, cobras em compota, Brecht, Tom Zé, Regina Spektor, Radiohead, Björk e a triste constatação de que não há livros nas bancas de Ribeirão além de uma edição tosca de Sêneca.


(Só resta este relatozinho curto e desinspirado para justificar o sumisso do blog nesta semana)

sábado, 27 de outubro de 2007

As Maletas de Tulse Luper


Peter Greenway esteve vagando pela Paulista e eu perdi a oportunidade de pelo menos bater um papo com a figura. Quarta-feira fui todo mal intencionado ver sua exposição pela segunda vez. Enfiando nas caixas de Tulse Luper eu esperava encontrar alguma pista onde o cineasta pudesse estar escondido. Cheguei tarde no entanto!
_ Ah, quem vai desmontar a exposição é a equipe dele...
Respondeu a moça de chapéu de marinheiro.
_ E o filme que ele vai filmar aqui em Sampa? Qual produtora? Quero ser figurante, ofereço-me como voluntário, até sirvo cafezinho, ajudo a produção a se entender com a cidade, carrego caixas...
_ Ai, desculpe moço, mas não estou sabendo de nada. Mas na primeira semana da exposição ele estava circulando por aqui, batendo papo com todo mundo, superdisponível!
Bem, de qualquer forma ficou marcada a força e poesia desta belíssima obra, certamente uma das melhores exposições multimídia que já tive o prazer de assistir nesses anos paulistanos. E fico maravilhado em constatar essa tendência de misturar arte e tecnologia em prol de obras arrebatadoras onde podemos sentir, ver, tocar, cheirar (enfim... viver).
Agora, postando aqui a suitcase intitulada Sangue & Nanquim já me sinto fazendo parte dessa série monumental.
Uma mega instalação interativa certamente será a grande arte do futuro!
Boto fé em sua sacralização Peter!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Marcus Casanueva


_ E então como fica nosso trato?
_ Não tem trato nenhum, vim trazer sua alma de volta.
Marcus queria olhar firme e confrontá-lo, mesmo sendo alguém de tamanho poder, mas estando tão bêbado tudo o que conseguiu foi uma expressão pastosa e sonolenta.
_ Não foi isso que combinamos.
O Diabo soltou ar com impaciência, olhou o relógio.
_ Bem amigo, me desculpe mas tenho mais o quê fazer. Dê-se por feliz por eu ainda fazer a gentileza de vir até aqui, só porque seu ex-patrão é muito chapa meu.
Marcus visualizou, como tanto acontecia nos últimos anos, seus momentos de glória e luz na pele do protagonista da novela “Paixões Ensandecidas”: dinheiro, idolatria, drogas, extravagâncias, orgias aconchegantes... Agora que nada disso existia mais de que adiantaria aquela alma pálida que o Diabo devolvia?
_ Fique com ela por mais um tempo, repense a situação, é uma alma em bom estado...
_ Quê posso fazer com esse espírito que não presta nem para o próprio dono?
O Diabo sumiu sem fogo nem enxofre. Marcus coçou a cabeça enquanto aquela alma silenciosa e minguada o confrontava.
Por fim encheu mais um copo de uísque e tentou brindar o retorno de seu inquietante desconhecido.

(imagem de Goya)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A bailarina aprisionada


Desde sempre Otto sabia que dentro dele morava uma bailarina frágil e então sofria. Era um homem corpulento,de rosto fechado e apenas os olhos denunciavam a menina aprisionada que sonhava toda a noite com pássaros de fogo, cisnes melancólicos e fadas açucaradas. Conseguiu emprego como faxineiro de uma escola de balé e finalmente teve um pouco de felicidade observando a movimentação e o treinamento daqueles jovens, para dançar sozinho quando as portas da escola se fechavam.
Nas vésperas do Grande Espetáculo Madame Velut adoeceu gravemente. Em meio ao desespero do empresário e das meninas Otto se prontificou a treiná-las. A gargalhada de toda a trupe suplantou as lágrimas aflitas, mas mesmo em meio a tal despeito ele respirou fundo e dançou: por fim todos se maravilharam por ver aquele homem enorme repetir cada passo da coreografia complexa.
Os olhos do empresário brilharam e prontamente fez com que Otto assinasse dezenas de contratos. Tornou-se um dos grandes destaques de seu show de bizarrices.
Agora todas as noites a menina, logo depois de cuidar dos remendos de sua roupa sofrida, prepara entre linhas e agulhas seu casulo.
(alguém melhor que Degas para ilustrar esse conto?)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

História de Olga


Todos pensavam que Olga tentou se matar várias vezes. Mas era só insônia, então de vez em quando ela abusava um pouquinho nos comprimidos. Só porque ela tinha cara de deprimida significa que queria se matar? Coitada! Olga era alegrinha, tinha hora que parecia uma pastorzinha loira em cânticos de louvor! Tudo bem que ela tinha um gosto meio bizarro e uma fala sonsa de mui chapada. Tentou ter várias bandas e até acreditava que seria a grande musa do pós-punk-feminista.
Mas fracassou porque ninguém parecia ter muita paciência com seu estilo, nem mesmo os membros da banda. Era tanta briga que por fim cada uma seguiu seu rumo e Olga acabou se tornando dona de casa. Não que seu marido fosse rico, mas sabe como é: desemprego misturado com a necessidade de educação do filho. Por fim, depois de alguns anos de vida pacata e pseudo-suicídios ocasionais, Olga acordou com uma lâmpada na cabeça: ah, chegara a hora de sua carreira solo!
Seu marido inventou de ser produtor e ela teve seu primeiro grande hit: “Os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio.”
E sobre essa canção de sucesso ela contava, toda serelepe, que a compôs numa noite em que testava a ressonância da sala através de lentos arpejos na guitarra quando o filho de seis anos bebeu quase um litro de desinfetante de lavanda.
Mas ele não queria se matar não. Era só insônia.

(imagem de Georges Braque)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Curtas de meio de semana

1 – Ainda impregnado pelo banho de teatro do fim-de-semana. Satyrianas! Até Dioniso pegou fila na Praça Roosevelt.
2 – Caos urbano misturado a confusões profissionais. Alice e eu de mãozinhas dadas na encruzilhada cheia de placas. O gato sorridente apenas diz:
_ Vais chegar sim a algum lugar, desde que caminhe bastante!
3 - Vão jogar veneno nos apartamentos, eu não vou entrar no esquema porque é caro. As baratas estão sabendo e já começaram a buscar refúgio aqui.

4 - Entro no quartinho da Débora porque percebo que o colchão caiu e sou atacado por um poltergeist: roupa e cabides voam sobre mim.
5 – Escrever mais, preparar aulas, cuidar da casa e planejar um atentado contra a Telefônica (um espanhol me disse que ela é uma merda na Espanha também, será possível?).

(vista de minha janela: Augusta sem maldade por Gabriel Küster)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma sereia

Uma vez, após dias navegando em mares estranhos, encontrei uma sereia. Sem entender ainda o mistério de sua beleza e a fatalidade de sua voz (que ainda era apenas um murmuro) levei-a comigo para a cidade.
Passava horas com ela na banheira, abandonando-a apenas quando começava seu canto. Então eu me trancava do lado de fora e sofria na vontade de saciar sua fome crescente. A cada novo dia intensicava o chamado de suas notas agudas e melancólicas.
Acabei tomando uma decisão drástica: convidei meu sócio para um jantar especial. Claro que ele nem imaginava que seria a sobremesa de minha esposa, tão pouco que eu descobrira suas imoralidades.
Escondi a calda num vestido longo e tivemos um jantar corriqueiro, até o momento que inventei a necessidade de comprar cigarros e saí, oferecendo-o com o olhar para minha amada.
Sofri em ciúmes corrosivos durante as duas horas que estive fora, sem acreditar que ela deliciaria a carne de outro. Foram as horas mais tristes de minha vida...
Mas quando retornei tive surpresas: Ela estava calada e severa no mesmo local em que a deixara, enquanto meu sócio dormia num sofá.
Despachei-o rapidamente com alguma desculpa sem sentido. Os braços de minha amada se abriram com sua cantilena que definitivamente me arrebatou em lágrimas e êxtase.
Entreguei-me de corpo inteiro a seu apetite.




(imagem de Ashok Bhowmick)

sábado, 13 de outubro de 2007

Conto sem Fadas


Não temos fadas nessa história porque estavam de greve. Isso preocupava muito Luna, a princesinha, que passava seus tristes dias no alto de um edifício, olhando a cidade inteira abaixo de sua janela. Ela não era prisioneira de nenhum monstro ou bruxo, talvez justamente por isso que nunca lhe aparecesse um príncipe. Ela não tinha que ser salva da nada além de seu próprio tédio.
Começou então a acessar sites na internet buscando príncipe ou algoz que a resgatasse.
Encontrou apenas o anúncio de um dragão desempregado chamado Igor, que era bem intencionado, mas não tinha a menor vocação para carrasco. Na realidade a princesinha passou horas ouvindo as lamentações do grandalhão, fazendo as vezes de analista. Porém Igor lembrou de uma bruxa que conhecera. Era a bruxa Pérfia.
Foram então em busca da feiticeira, que trocara sua carreira pela de esteticista e revolucionava o mundo dos cosméticos com suas pomadas mágicas.
A princesinha insistiu muito que a bruxa a ajudasse.
_ Ora ora... _ disse Pérfia com a elegância de madame _ Estou mesmo precisando de uma sócia.
Luna concordou e hoje cuida de um setor especial da empresa da bruxa: um site de relacionamentos! Agora passa mais horas nas janelas da rede, buscando incansavelmente pelo herói que a salvará de sua diabólica sócia.
(esse é especial para o dia das crianças!)

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Fast Fábula Delivery - Resultado da Promoção!

Bem amigos, é com grande satisfação que anuncio aqui o final da promoção Fast Fábula Delivery, que resultou em textos inesperados e que me ofereceram um desafio bem interessante e válido. Inicialmente essa proposta estava numa brincadeira, ao mesmo tempo que eu testava minha capacidade de escrever sob encomenda. (Editores!!! Tem algum editor lendo isso?) Mas o que esta promoção conseguiu foi me provar a delícia de brincar um pouco com a imaginação alheia, bem como abrir caminho para outros jogos futuros.
Espero continuar contando com o carinho desses leitores tão incríveis que colaboraram...
E para quem pegou o bonde andando o Fast Fábula Delivery foi uma promoção onde os cinco primeiros a comentarem o post poderiam encomendar uma história, agora vocês podem conferir os pedidos no post de agosto "Fast Fábula Delivery", os textos estão espalhados entre agosto e outubro, mas eu os divulgo agora:
1 - Poema de Vento e mar - encomendado por Amadam
2 - A viúva - encomendado por Maria Cláudia (o blog dela está em meus links 'O que escapa')
3 - A Casa de Doces - encomendado por Roger da Porciuncula
4 - Dia e Noite - encomendado por Eversom
5 - A mão decepada - encomendado por Maíra (o blog dela também está aí do lado 'Vida em posts')

Bem, agora tenho que atender a uma encomenda extra feita por meu irmão e que saí um pouco das normas da promoção. Mas para o Daniel é um caso especial.
Quero aproveitar que este post não é um conto para comentar sobre o encontro de ontem. Fui assistir a um bate-papo no corredor literário com a Índigo, Ivana Arruda Leite e Maria José Silveira. Fui porque gostaria muito de conhecer Índigo, cujo blog me serviu de inspiração a incentivo para este. Como bom intrometido sentei para tomar café com elas depois, a Índigo é uma fofa! Espero que tenhamos um contato mais estreito daqui pra frente. Logo depois chegou na mesa o Marçal Aquino e eu lá, no meio de gente grande e simpática...
Deixo aqui meus sinceros agradecimentos ao carinho que recebi.
E vai a dica: conheçam o blog da Índigo, está aí também ao lado: Diário da Odalisca... vou colocar também o link do blog da Ivana, o Doidivana.

Bem... por hora é isso, prometo agora continuar o empenho com os contos, e aguardem que a tal novela das Papoulas Punk está vindo...

será um folhetim interativo? Quem sabe...


(imagem de Bosh hoje)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A mão decepada (final alternativo)

Porém também a mão notara em seu companheiro um comportamento diferente.
Sentia que não mais o acariciava com o calor de outros tempos e suas próprias mãos, com quem tanto se entrelaçara em danças, comunicavam-lhe algum segredo que não compreendia, criando uma expectativa mórbida.
A mão só teve certeza que algum destino cruel a aguardava quando Silvério a colocou na mesma caixa em que viera. Percebia então que faziam uma viajem de carro, e em cada ondulação da estrada sua tensão crescia.
Quão chocada não ficou quando viu Silvério abrir novamente a cova de seu corpo?
Saiu da caixa e agarrou seu tornozelo em súplica: pelo calor tentava que ele entendesse a profundidade e o zelo de seu amor. Silvério também chorava quando a jogou dentro da cova.
Então, presa na escuridão da caixa, ela ouviu um grito profundo e logo o sol da tarde ardeu em sua pele...
As mãos de Silvério o estrangularam e agora a libertavam.
Ainda atônitas as três mãos fecharam a cova com os dois corpos e seguiram mundo afora, em alguns momentos sentindo-se atordoadas por serem não mais que membros rebeldes, mas sempre gozando da alegria intensa de não sofrerem mais a tirania de um corpo.


(encontrei essa imagem sem o nome do autor, vou procurar e informo quando descobrir)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A mão decepada (final)

Viveu ainda muitas noites de insônia até que finalmente decidiu enterrar seu grande amor. Silvério a colocou cuidadosamente na mesma caixa em que viera e seguiu rumo à fazenda de seu avô, exatamente ao local onde juntos haviam escondido o corpo.
Enquanto abria a cova chorava, principalmente na hora que a mão parecia suspeitar de algo e se debatia em súplica intensa. Mas Silvério estava resoluto e completou o ato, terminando de chorar sua tristeza no colo do vovô.
De madrugada foram acordados pelos gritos do corpo berrando injúrias a Silvério, estava montado no raro cavalo andaluz, que era o único tesouro de toda sua família. O pobre cavalo, apesar de forte era sensível como uma princesinha e tremia sobre golpes severos de chicote.
Segurando as rédeas estava a mão.
Silvério desferia tiros inúteis no corpo que apenas gargalhava, até que a mão fez o cavalo andaluz empinar, jogando-o violentamente no pasto. Antes que tivesse chance de soerguer a mão atirou-se sobre ele, esquartejando-o em poucos minutos.
Então Silvério não tinha mais motivos para desconfiança! O amor e a fidelidade da mão estavam definitivamente provados.
No dia seguinte riam muito lembrando do corpo que queimaram pedaço a pedaço. Divertiram-se num chá com quitutes deliciosos: Silvério, a mão e o cavalo andaluz.

(novamente, imagem de Dali)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A mão decepada


encomendado por Maíra
Começou numa tarde eufórica, quando uma caixa misteriosa bem em frente ao congresso causou pânico geral entre a multidão curiosa e os técnicos da polícia federal, que suspeitavam de uma bomba. Silvério era um agente com coragem sobre-humana e apanhou a temida caixa, cujo interior continha apenas uma mão decepada.
Tão desapontados ficaram todos que nem deram importância a esse achado, com exceção de Silvério, que levou aquela mão consigo.
Viveram dias felizes Silvério e a mão, que se mostrou intensamente amiga, sempre disposta a fazer-lhe carícias, coçar onde não alcançava e até ser a mãozinha que faltava para os serviços domésticos.
Numa tarde de domingo, quando preguiçosamente cochilavam, apareceu uma visita. Era um homem estranho e soturno, que encarou Silvério com muito ódio.
_ Quero minha mão de volta!
O homem partiu sobre Silvério e rolaram pela sala em luta difícil. O agressor era forte e, apesar de uma mão a menos, tinha o alimento da raiva em seu sangue.
A mão subiu até a gaveta da cômoda apanhando a arma de Silvério. Os dois homens estancaram enquanto a mão remexia afoita, tentando decidir a quem deveria mirar. O invasor suplicou mostrando o braço mutilado mas foi inútil: bastou um tiro certeiro para que caísse sem vida.
Silvério encheu-se de felicidade e amor! A mão o escolhera ao seu próprio corpo.
Vieram mais dias de amor intenso até que nuvens negras povoaram a mente de Silvério em forma de pesadelos recorrentes, onde a mão o estrangulava enquanto dormia.
Tornou-se insone naquela angústia, sufocado pelo medo daquele membro que repousava plácido ao seu lado.
Talvez fosse melhor desfazer da mão...

(... termina no próximo post!
imagem de Dali)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Desfabulado


Era um velho leão de fábulas que chegara à cidade.
Mesmo que não fosse mais rei de coisa alguma, pelo menos pensou que aquela nova selva poderia lhe proporcionar interessantes histórias, bem como ensinamentos a todos animais ou pessoas que encontrasse.
Começou então a interagir com os bichos de seu caminho, primeiro encontrou cães esnobes que passeavam com seus próprios criados. Então o leão pensou: eu que já fui rei nunca tive criados. Depois procurou os gatos que talvez ainda enxergassem sua nobreza. Mas os que moravam na rua não eram mais do que pobres coitados que já estavam muito atarefados numa sobrevivência difícil para sequer dar-lhe alguma atenção.
Então restou procurar os homens.
Descobriu que para viver com eles precisava primeiro de um emprego, mas era sempre a mesma coisa: não tinha qualificações, sua aparência poderia assustar, suas patas não serviam para o teclado do computador...
Depois de muitas decepções o leão sentou-se numa praça pensativo, imaginando se pelo menos haveria alguma moral para esta história.
Desmoralizado, só restou ao leão rugir as velhas glórias de seu passado aos que passavam na praça.
Apenas um cego ouvia atentamente suas histórias e humildemente concluiu: pobres daqueles que se deixam ficar cegos para uma verdadeira majestade.
(imagem de Rembrandt)